quinta-feira, 1 de maio de 2014

Gastar muito não é gastar certo.

O Brasil vive em um momento econômico estável faz algum tempo, e apesar de uma certa desaceleração, a economia ainda caminha sem maiores percalços. O futebol nacional, como reflexo do nosso dia a dia, acompanhou esse crescimento financeiro, e chegou a patamares europeus em valores. Apesar da incompetência e amadorismo de muitos cartolas, as equipes grandes do país ampliaram bastante o seu "poder de fogo" em comparação aos vizinhos sulamericanos, o que atraiu inclusive jogadores desses países a atuarem no Brasil.

Esse panorama econômico veio introduzir um tema que eu gostaria muito de discutir. Tudo começou através de uma constatação do pai de um amigo, enquanto assistiamos a eliminação do Grêmio na Copa Libertadores da América. Após o fim da partida, ele solta a seguinte frase: "uma vergonha essas equipes brasileiras. Gastam tanto dinheiro pra montar elencos caros e são eliminados por times muito mais baratos". Aquela frase ficou na minha cabeça o dia todo. Após a eliminação do Atlético Mineiro, resolvi escrever esse texto para questionar até que ponto supervalorizamos o nosso futebol em comparação com os vizinhos? Porque temos tantas dificuldades na Libertadores se os nossos times são (no papel) tão superiores?

Claro que desde 2010 os Brasileiros vem sendo campeões, e nos últimos anos vem chegando a quase todas as finais. Mas a quantidade de vexames produzidas por equipes brasileiras no mesmo período é proporcional a esse sucesso. Equipes com folhas salariais comparáveis a equipes médias européias acabam sendo eliminadas por times que tem a folha salarial equivalente ao salário do astro da equipe brasileira.

Chego a conclusão óbvia que estamos inflacionando o mercado do futebol, pagando salários altos a jogadores duvidosos e ao mesmo tempo, as equipes brasileiras não investem seus recursos de modo coerente. Salvo raras exceções, as categorias de bases estão esquecidas, apesar delas serem uma boa saída para a saúde financeira dos clubes, tanto para revelar jogadores baratos para a utilização no elenco principal, como para uma possível venda onde o clube fatura na saída do atleta. Talvez os nossos técnicos não saibam aproveitar as peças disponíveis no elenco, e aí eles seriam também responsáveis por isso? (voltamos ao tema discutido na segunda feira).

Enquanto esses ajustes não acontecem, vamos continuar nos iludindo acreditando sermos os melhores times e os melhores elencos devido a superioridade econômica. Mas como um antigo professor de Direito Civil me ensinou, "quem paga errado paga duas vezes".

Mas tem clube brasileiro que ama pagar errado (quando paga...)

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