quinta-feira, 19 de março de 2015

La Vecchia Signora dança cumbia

O futebol italiano passa por um período de entre-safra preocupante. Após anos de protagonismo no cenário europeu, com o Calcio abrigando muitos dos maiores jogadores do mundo, os clubes italianos atravessam uma crise em relação aos concorrentes europeus e viram o campeonato local perder qualidade, refletindo nas receitas dos clubes e no desempenho dos italianos nas competições internacionais, tanto de clubes como na seleção.

O ponto fora da curva no futebol italiano ultimamente tem sido a Juventus de Turim. A equipe italiana é a atual tricampeã nacional e caminha a passos largos para o 4º título nacional em sequência. Após alguns anos obscuros, onde chegou a enfrentar a segunda divisão devido a problemas com a máfia das apostas na Itália, a Juve voltou a ser gigante. A equipe se reestruturou financeiramente e montou uma boa equipe, dentro das possibilidades do clube. Com o advento do Juventus stadium, no ano de 2011, a equipe reforçou as suas receitas e hoje é a equipe italiana que mais arrecada.

Tevez é o destaque ofensivo da Juve (foto: Getty images)
Tudo isso se converteu rapidamente em títulos no terreno doméstico. Mas a Juve ambiciona voltar aos grandes confrontos na Europa. E para isso, um nome vem sendo de fundamental importância na atual temporada para trazer a Vecchia Signora de volta ao cenário Europeu: Carlos Tevez. Se no Calcio são 15 gols em 25 partidas (onde é artilheiro), o argentino na Champions tem sido peça fundamental da equipe que atingiu as quartas de finais. Com seus 6 gols em 8 jogos, Tevez mantém a sina de ser um jogador decisivo nos momentos mais complicados, e a sua entrega e disposição contagiam os Bianconeri.

O jogo diante do Borussia Dortmund nesta quarta-feira foi mais uma comprovação disso. A Juve vinha de um resultado positivo na primeira partida, uma vitória por 2x1 em casa. Na partida de volta no Signal Iduna Park, o Borussia teve toda atmosfera a seu favor, com a sua fanática torcida lotado as dependências do Estádio da equipe da casa. Tevez como sempre, não deu a mínima para a pressão e jogou o fino da bola: dois golaços e uma assistência para Morata marcar os gols da classificação da Juve as quartas de finais da Champions.
Carlitos adicionou a entrega e ginga argentina a Vecchia Signora (foto: Site oficial Juventus)

O desafio agora é superar a fase de quartas-de-finais, que o clube com mais Scudettos na Itália não alcança as semifinais da Champions League desde a temporada 2003-2004, quando perdeu a final para o Milan em Old Trafford. Mas com o futebol que Tevez e companhia vem apresentando nos últimos jogos, não duvide de uma festa regada a muita Cumbia no dia 06 de Junho em Berlim...

domingo, 8 de março de 2015

Philipe Coutinho: O pequeno príncipe cresceu

Bust. Nos esportes americanos, essa expressão é utilizada para caracterizar os jogadores que chegam cercados de expectativas e acabam não tendo o grande impacto imaginado pelos seus times, torcedores e imprensa. Esses jogadores geralmente acabam sendo engolidos por toda essa pressão que os cerca e não conseguem desempenhar todo o potencial que os levou a chegarem a elite do esporte nos Estados Unidos, no caso, as ligas profissionais.

Phillipe Coutinho jogando pelo Liverpool: desconfiança virou
certeza. (Foto: telegraph.uk)
 Toda essa explicação inusual para os apreciadores do futebol tem um motivo de ser para este texto. Como já explicitado no título, o post desta semana trata sobre Phillipe Coutinho, que ao meu ver, por um momento foi considerado uma espécie de "bust" no futebol. Grande revelação da base do Vasco, jogador de todas as seleções de base do Brasil, Phillipe Coutinho já tinha um acordo de venda a Inter de Milão aos 16 anos. Como não poderia assinar um contrato até completar os 18 anos de idade com a Inter de Milão, de acordo com as leis italianas, ficou no clube de São Januário até poder ir para o clube italiano. Quando chegou na Itália, Coutinho ficou cercado de expectativas. Com bons treinos, chegou a ser titular em um pequeno período, mas nunca confirmou toda a expectativa depositada nele. Foi perdendo espaço no elenco até ser praticamente excluído dentre as opções.

Parecia que Coutinho entraria na categoria de "eterna promessa". Mas uma mudança foi decisiva para a sua carreira. Após uma passagem rápida pelo Espanyol, o Liverpool resolveu apostar em Coutinho para a reconstrução da sua equipe, em 2012. Após um período de adaptação, o meia começou a se destacar nos Reds, sendo um dos pilares da equipe que foi vice-campeã inglesa na última temporada (13-14). Coutinho hoje é um dos destaques da equipe de Anfield, que após a venda de Súarez e a lesão de Sturridge tem em Phillipe sua principal referência ofensiva.

Gerrard é um dos fãs do Pequeno Príncipe no elenco do
Liverpool. (Foto: thisisanfield.com)
Com elogios de Gerrard, uma das lendas em Liverpool e atual companheiro de Coutinho, ou de Brandon Rodgers, seu treinador nos Reds, o meia vai ganhando ainda mais confiança e se transformando em uma realidade para a equipe do Liverpool. Realidade esta que já bate a porta da Seleção Brasileira, onde após a Copa do Mundo do ano passado Coutinho é presença constante nas convocações de Dunga, e começa a ter a sua titularidade cobrada por parte da imprensa.

Matéria publicada recentemente pelo site da ESPN mostra que Coutinho teve uma valorização de 177% no valor do seu passe, já que foi adquirido pelo Liverpool por 9 milhões de Euros e hoje tem valor de mercado estipulado em 25 milhões de Euros. Mas com futebol vistoso, com muita velocidade, habilidade e capacidade de finalização, não me parece que seja de interesse do Liverpool receber esses 25 milhões. Até porque, talvez os 25 de hoje sejam os 50 de amanhã.

Coutinho segue sua rotina de gols e assistência e vem se tornando cada vez mais decisivo para os Reds.
(foto: thisisanfield.com)


O Pequeno Príncipe cresceu. E está no caminho para se tornar Rei em Anfield.




segunda-feira, 2 de março de 2015

De campeão a falido: Arrivedecci Parma (?)

Uma das camisas mais tradicionais da Itália está em vias de falência. O Parma, advindo da cidade com o mesmo nome, está em processo de falência. O clube italiano deve salários a 8 meses, não consegue manter a estrutura mínima para o funcionamento do clube e tem dívidas que alcançam a casa dos 200 milhões de Euros. Caso não haja nenhum rico investidor que coloque essa grana toda no clube, o mais provável é que o destino da camisa azul e amarela seja mesmo o de fechar as portas ao profissionalismo.

Parma atravessa grande crise financeira e deve fechar às portas em breve. (foto: Site oficial do Parma)
A equipe teve de cancelar suas duas últimas partidas pelo campeonato Italiano por motivos financeiros: Diante da Udinese, a equipe advertiu o adversário que não teria condições de promover a partida devido a ausência de pagamento para a realização da segurança do Estádio. Já na última rodada,que seria realizada fora de casa diante do Gênova, a equipe do Parma requereu o adiamento da partida por não ter condições de arcar com os custos da viagem.

A direção do clube (que já teve 3 donos no ano de 2015) parece ter desistido de vez de achar alguma solução para o clube. Os atletas e o treinador Roberto Donadoni pedem ajuda da associação de jogadores e dos treinadores,para que alguma providência seja tomada. A Federação Italiana estuda intervir no caso para que o Parma pelo menos complete a temporada, tendo em vista que uma desistência da equipe a essa altura prejudicaria o campeonato, já que algumas equipes ganhariam pontos sem disputar as partidas contra o Parma.

Hérnan Crespo foi um dos grandes ídolos do Parma.
Hoje, ele é treinador das categorias de base e lamenta a fase
que vive o clube. (foto: imortais do futebol)
Mas o que é mais triste dessa história é como um clube que já foi campeão da Copa UEFA por duas vezes, já venceu 3 Copas Itália e uma supercopa Européia está em vias de fechar a s portas. O Parma teve em suas história grandes jogadores italianos como: Zola, Buffon, Cannavaro, Chiesa, Giuseppe Rossi, Dino Baggio, Cassano e Fuser. Entre os estrangeiros, nomes como Taffarel, Thuram, Stoichkov, Brolin, Verón, Crespo, Amoroso e Sensini defenderam o manto azul e amarelo. Toda essa história corre o risco de virar apenas uma lembrança vaga.

Mais uma triste passagem do combalido futebol Italiano. Um campeonato que já foi o maior do mundo, com grandes estrelas de nível mundial atuando na terra da bota, mas que hoje não consegue se firmar nem no segundo escalão da Europa. Salvo a Juventus, todas as equipes italianas estão em condições abaixo de suas tradições.

Que a crise com o Parma sirva de alerta para que os clubes possam voltar a crescer e com isso aumentar a qualidade do Campeonato Italiano, valorizando assim o produto "Calcio" tato interna, quanto externamente, já que a Itália perdeu muito mercado nos últimos 10 anos quando comparamos com outros campeonatos da Europa como Espanha, Alemanha e principalmente a Inglaterra.

Parma já contou com elenco recheado: Sensini, Buffon, Verón, Cannavaro, Thuram, Crespo e Chiesa faziam parte do time acima que conquistou a Copa da UEFA na temporada 98-99. (foto: tuttocalcio.it)



sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Galo forte, copeiro, vingador e peleador!

O Atlético Mineiro foi gigante na Copa do Brasil. Fez jus ao seu hino e foi forte e vingador durante toda a campanha no torneio de mata-mata que mais inclui clubes no Brasil, e venceu seu rival Cruzeiro numa final que já entrou para a história do futebol mineiro e porque não, do futebol brasileiro. O gol de Tardelli (que por incrível que pareça foi o primeiro no torneio) coroou a campanha épica do Galo, que jogou os dois jogos como se fosse a última final disputada pelos jogadores, enquanto o Cruzeiro encarou o jogo de uma forma mais devagar (principalmente no primeiro jogo no Horto, que encaminhou muito o título).

O time treinado por Levir Culpi teve a ombridade de não se acovardar no segundo jogo, e foi pra cima do Cruzeiro no Mineirão de azul (e cinza, já que os ingressos estavam um assalto e muitos assentos ficaram vagos). Desde o início o Atlético se impôs, mostrou que estava melhor preparado para encarar a partida, e se aproveitou do claro abalo psicológico dos cruzeirenses, que mostraram um descontrole típico de quem estava se sentido pressionado a reverter um resultado contra um adversário que o conhece como poucos.

Méritos do treinador Levir Culpi, que reformulou a equipe em meio ao brasileiro e fez com que um time recheado de garotos chegassem a este título merecido. Agora é manter a base e partir para a Libertadores do ano que vem, onde essa equipe com um ou outro reforço pode almejar grandes objetivos na competição continental. Quanto ao Cruzeiro: belo futebol, mas falta mais sangue no olho. Com o time jogando dessa forma, a Libertadores dificilmente será conquistada no ano que vem.

Que me desculpem os Cruzeirenses, mas 2014 vai ser mais lembrado pela derrota pro arquirrival na final da Copa do Brasil do que pelo título brasileiro...


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Rápida e eficiente, seleção nos faz acreditar em um 2015 melhor

Não vai ser um ano fácil de se recordar pra história da seleção brasileira. Uma Copa do Mundo em casa, com todo apoio da torcida, um bom elenco que tinha possibilidades de conquista do hexacampeonato terminou de forma trágica com uma goleada histórica sofrida na semifinal contra a Alemanha. Aquele 7x1 jamais será apagado da história dos mundiais, muito menos da história do futebol brasileiro. Sendo assim, o que viria após uma derrota tão acachapante?

Veio Dunga. E com ele, o descrédito, já que o treinador havia fracassado em 2010 na África do Sul. Torcedores e comentaristas não acreditaram muito no que Dunga poderia fazer para reconstruir um trabalho que foi arrasado pelo verdadeiro bombardeio alemão (com uma ajuda da artilharia holandesa). E Dunga iniciou seu trabalho com desconfiança (já deve estar acostumado com isso durante toda sua carreira como jogador e treinador), duas vitórias magras diante de colombianos e equatorianos. Veio a sequência do trabalho, com vitórias sobre a Argentina (freguesa nos últimos anos) e Japão. O time conquistou uma certa confiança. 

Na última semana, a seleção se reuniu para dois amistosos. O primeiro foi um show de bola contra uma Turquia que parecia não entender o que estava acontecendo, porque Neymar e Willian pareciam prever onde a bola ia e a controlavam de forma magistral. O 4x0 foi o suficiente para a seleção brasileira ser aplaudida de pé pelos turcos que compareceram a partida. Já contra a Áustria, o jogo foi muito mais duro, e a seleção sofreu o primeiro gol depois de 524 minutos sem ter a meta vazada. Mas a bomba de Roberto Firmino (que já tinha sido citado por este blogueiro após o jogo diante do Japão) garantiu a sexta vitória em seis jogos para os brasileiros.

O saldo desse início de trabalho é bom, e o Brasil parece estar formando uma equipe jovem e competitiva para o próximo ciclo.Os dois últimos amistosos mostraram que jogadores como Firmino e Douglas Costa tem potencial para se firmarem na seleção. Mostraram também que o time está muito consciente em campo, com variações táticas, jogadas ensaiadas, muita movimentação e velocidade. Com isso, nada de centroavante paradão (Luiz Adriano, desculpa, mas não dá nem você nem ninguém do seu estilo) nem de laterais extremamente ofensivo (Dani Alves e Marcelo tem grandes chances de não voltarem a seleção).

O ano de 2015 promete com a Copa América e o início das eliminatórias para o Mundial 2018. E o Brasil parece estar se recuperando do grande golpe sofrido em 2014. Até onde esse time de Dunga pode chegar, não sei. Mas o futebol apresentado traz uma esperança de dias melhores para a seleção.