sexta-feira, 30 de março de 2012

Quando o futebol ficou tão "chato"?

Quando penso em irreverência no futebol logo me vem a cabeça frases célebres como "eu sou o Rei do Rio", "Gol de barriga é mais gostoso", "clássico é clássico e vice-versa", dentre outras pérolas. O futebol além de divertir dentro de campo, sempre foi produtor de diversos causos e até estórias hilárias, que sempre escuto os mais velhos contarem. Garrincha, Nilton Santos, Heleno De Freitas dentre outros craques que eram diferenciados fora e dentro do campo.

Com o passar dos anos o futebol foi se modernizando, se profissionalizando cada vez mais, com o surgimento das transmissões de TV, dos patrocínios milionários e dos altos salários. O jogador virou mais do que só um jogador, virou um produto de marketing, uma fonte de renda para os clubes. Comerciais, entrevistas, eventos, tudo que o jogador faz fora de campo geralmente gera ganhos comerciais.

Para administrar essa exposição toda, os jogadores começaram a se utilizar de empresários, marqueteiros e os famosos (e odiados na maioria das vezes) assessores de imprensa. Controlam tudo e todos os passos dos jogadores que assessoram, marcam quando e onde os jogadores dão entrevistas fora do clube, e dentro do clube o assessor de imprensa da equipe faz o mesmo trabalho.

Entendo que com a profissionalização do produto futebol, faz-se necessário uma maior organização do meio. Mas ao mesmo tempo, isso acomoda demais os jogadores com relação ao que dizer, falar ou até mesmo pensar. Tudo lhes é passado pronto e mastigado pelo seu staff para que o jogador não possa dar declarações que o comprometa nem queime sua imagem.

A verdade que os bastidores que cercavam o futebol eram muito melhores até uns 15 anos atrás. Minhas memórias de garoto me remetem as provocações entre Renato gaúcho, Romário e Túlio Maravilha, pra ver quem era o Rei do Rio. Ou o Vampeta (aí já não era tão garoto assim) tirando um sarro dos São-paulinos os chamando de Bambis, sendo retrucado pelo ex volante Vagner do São Paulo chamando os corinthianos de Gambás. Esse "trash talking" que é tão usado nos esportes americanos até hoje e que no Brasil hoje é tratado com desrespeito. 

Caras como Edmundo, que se aposentou nessa semana (leia aqui a homenagem do blog), hoje seriam mais criticados ainda por "incitar a violência" ou "desrespeitar o adversário", no mundo do "politicamente correto" do futebol atual onde ninguém pode falar nada além dos clichês "temos que respeitar o adversário" ou "o importante foram os 3 pontos". Não entendem que a violência é um problema muito maior do que simples declarações provocativas, é uma questão social e cultural do futebol e do nosso país.

Infelizmente, o futebol atual dificilmente permite aos jogadores que possam desenvolver uma personalidade de falar o que realmente pensam sem serem execrados pela mesma imprensa que reivindica declarações diferentes dos atletas. Vou ter que me acostumar com isso. 

Vocês também sentem falta daquela "pimentinha" perdida no futebol?


Bons tempos foram no auge dessas figuras. Fonte: Goal.com/br.

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