quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Mudança às vezes é retrocesso.

Passado o período eleitoral, onde mudança e retrocesso foram duas palavras muito utilizadas pelos candidatos a presidente da República, me utilizo desses vocábulos para descrever a situação do meu clube de coração.

Ontem o Clube de Regatas Vasco da Gama retrocedeu. Resolveu escolher um passado sombrio e pernicioso para comandar o clube de São Januário para o próximo período. Eurico Miranda foi escolhido ontem como o novo (velho) presidente cruzmaltino, que tocará a Nau vascaína até 2017. Muito foi dito, discutido e prometido durante o processo eleitoral do clube, mas o que me impressionou mais foi a vitória com uma certa margem do candidato Eurico Miranda. Explico.

Nunca duvidei da força política de Eurico Miranda na política vascaína. Nos dois mandatos de Roberto Dinamite ele foi o articulador do grupo Casaca, que fez grande oposição ao grupo político da situação, e ficou claro que o objetivo de Eurico era a volta ao poder. Vários ataques foram proferidos, denuncias e até alguns criacionismos foram feitos para tentar desestabilizar a vida política do clube. E o objetivo foi alcançado.

Na verdade, o meu texto quer justamente atingir esse ponto: O principal culpado desse retrocesso do Vasco é do atual presidente. Roberto chegou em 2009 carregando a esperança de mudança, de uma nova política dentro do clube, com a liderança de um grande ídolo para conduzir o clube de volta aos períodos de glória. Entretanto, Dinamite se perdeu, foi se isolando politicamente, perdendo força na política interna e externa e culminou com o rebaixamento do ano passado e a campanha pífia do clube esse ano, que corre grande risco de não subir para a série A do ano que vem.

Situações desesperadas requerem (nesse caso, resultam) medidas desesperadas. Ao meu ver, isso explica muito da votação expressiva para a volta de Eurico. O clube se apequenou de uma maneira tão absurda de 2012 para cá, que os associados encontraram no velho Eurico a esperança que a política de se impor através da força, ao melhor estilo "pé na porta e soco na mesa" fará com que o Vasco volte aos tempos de glória.

Entretanto, fico com alguns questionamentos: Imagine que você é um profissional bem conceituado na sua profissão e que tem propostas de trabalho de diversas empresas grandes e tradicionais. Dentre essas propostas, está uma empresa muito tradicional que está tentando retornar ao topo do mercado. Seria um grande desafio, mas bastante promissor, correto? Imagine então que ao pesquisar a situação dessa empresa, você descobre que o presidente deste lugar deve 5 milhões a própria empresa, condenado pela justiça. Descobre também que este senhor sabidamente atrasa salários com uma grande frequência, e que a sua credibilidade no mercado está baixa, dificultando investimentos que a empresa necessita para crescer. Com tudo isso, você trabalharia nessa empresa? Acho que a maioria concorda que não. 

É assim que enxergo a situação de qualquer grande jogador que tenha proposta de Jogar no Vasco. Uma equipe com problemas, administrada por um presidente corrupto (a Justiça quem fala, não sou eu), que não tem credibilidade alguma para captar patrocínios para investir na equipe, terá condições de trazer algum nome de peso? 

O que eu quero dizer que o futebol brasileiro de hoje não é mais o de 10 anos atrás. Os clubes que não se modernizaram, que não evoluíram nas suas gestões, ficaram para trás. O mais incrível para mim é o clube voltar ao modelo de um passado onde os cartolas-torcedores dominavam o cenário político dos clubes e apostar que isso vai dar certo. Prevejo mais sofrimento para os vascaínos.

Espero que eu esteja equivocado.


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